terça-feira, 21 de junho de 2011

O descobrimento do Brasil e o reconhecimento do litoral

Já havia todo um contexto preparado para a descoberta. Portugal vai fazer o périplo africano – a cada década avançando em direção ao Cabo da Boa Esperança, para alcançar o comércio com a Ásia. Escola de Sagres (equivalente à NASA) reunia o que tinha de mais avançado de cartografia náutica, visto que a Caravela era adequada à navegação. A caravela navegava quase com o vento contrário. Tinha o tamanho adequado para o transporte e carga. Os espanhóis fizeram outro caminho, o ocidental. Foram em direção ao oeste com a certeza de que a terra era redonda. Inclusive alguns foram queimados na fogueira para se chegar a essa conclusão. Antes de chegar à Ásia eles encontraram o continente americano. Os índios ( 2 a 5 milhões) não passam atualmente de 250.000. A ideia de paraíso iniciando um grande debate. O Brasil é descoberto dia 22 de abril de 1500. O primeiro contato com os indígenas foi rápido e ele segue sua viagem para as Índias. A Ásia era mais importante. Reconhecimento do litoral com frustração por não encontrar ouro e somente Pau Brasil. A madeira avermelhada ajuda a manter um comércio. Trocava-se pela derrubada da madeira machados e facas, que eram os instrumentos que mais agradavam aos indígenas ( implementos agrícolas). Portugal mal consegue ocupar o Brasil. Os portugueses vão organizar expedições guarda costas. A Bula Intercoetera (1493) a Espanha obtém junto ao papa o reconhecimento das pretensões. A Bula divide o mundo entre Portugal e Espanha a cem léguas da ilha de Cabo Verde. Válido até 1750 quando ocorreu o Tratado de Madrid. Era um marco de referência, apesar de não ter sido respeitado. Tanto o de Tordesilhas quanto a Bula Intercoetera vão ser questionados. Nessa época o Brasil não utilizava o uti possidetis. Os franceses e holandeses são os que mais defendem o princípio. Nesse momento o Brasil começa a pensar sua colonização. Portugal era um país pequeno, mas mesmo assim mantinha controle de postos coloniais na Ásia, América e África. Apenas São Vicente e Pernambuco já tinham a experiência da produção de açúcar. Ele era uma mercadoria cara na Europa. Servia para conservar algumas frutas. Tanto em barra quanto o granulado podia ser fracionado. Atividades complementares: tabaco (Bahia). Ele servia como mercadoria complementar e como moeda para escambo na África em troca de escravos. As plantations eram caracterizadas por serem grandes propriedades monocultoras. Os escravos tinham direito a plantar suas próprias roças ( brecha camponesa). Sociedade latifundiária, escravocrata e patriarcal. Não pode ser considerado modo de produção feudal, pois com o mercado externo apoiava-se o capitalismo nascente. De 1550 a 1853 o tráfico de escravos vindo para o Brasil 6 a 8 milhões de Sudaneses, Bantos ( Congo, Angola, Zaire). Uma trajeto terrível em que boa parte acabava morrendo. Portugal tinha uma baixa população. O Brasil foi colonizado por criminosos de opinião, degredados e bandidos.
No pensamento católico os negros pertenceriam a um ramo perdido dos descendentes do pecado. Quando se descobre a América foi um choque cultural grande. O status do indígena seria uma alma pura que deveria ser catequizada. O africano como purgador de pecados se acomodava bem aos interesses coloniais. Tendência autárquica e dependência externa de mão de obra. Comércio triangular que leva o açúcar brasileiro para a Europa. Em Portugal observa-se um fervoroso pensamento católico
( Reconquista) com leis de proibição da escravização indígena. Eles foram escravizados, mas a lei regulava um pouco a questão. Ocorre a partir de 1548, 1550, quando se começa a produzir o açúcar. Na plantação o homem indígena caça, derruba a mata, faz a roça, mas quem planta é a mulher. O costume trouxe a ideia do índio preguiçoso.

A partir dos inventários dos donos de fazenda (1580) relatando indígenas como escravos houve a substituição do indígena pela mão de obra africana. Um dos objetivos dos bandeirantes era escravizar indígenas. A duração do escravo era de dez a quinze anos. O escravo passava fome no Brasil colonial. Faltavam mulheres (uma mulher para cada dez homens vinham da África) e não havia preocupação com a vida dos escravos. Com o Governo Geral (1550) já começam a chegar os primeiros escravos. Em 1695 foi destruído o quilombo de palmares. As palavras mucambo e quilombo são sinônimos. Esse período ainda era o Brasil ainda era muito despovoado. Bahia foi a sede do governo com o Ouvidor-Mor encarregado da justiça e o Provedor-Mor da parte administrativa. Tomé de Souza (1549) veio com soldados, colonos, degredados e jesuítas. Em 1553 chegou Duarte do Costa criando-se o Colégio Jesuítico de São Paulo. Em 1558 Mem de Sá também chega. O Brasil passa para o domínio da Espanha em 1580. O Governo Geral vai trazer um aparato político e militar. Os jesuítas recebiam dez por cento de tudo que era arrecadado na colônia. Com esse recurso eles catequizavam os índios. Regime de Padroado. O governo português é quem indicava os bispos. Nesse período havia trinta a quarenta instituições educacionais jesuíticas. Reduções no Mato Grosso e na fronteira com a Argentina. Houve acumulação estratégica entre colonos e jesuítas. Essa diferença de percepção gera em 1753 as Guerras Guaraníticas. De forma geral os jesuítas colaboraram para a colonização do Brasil. A ideia do jesuíta era buscar o indígena. Se no início o objetivo deles era catequizar depois terão colégios para brancos. Os franceses não reconhecem Tordesilhas e em 1555 os huguenotes tentam fundar uma colônia França Antártica e serão expulsos instalando-se em Caiena ( Guiana Francesa). Em 1713 Portugueses e Franceses ( Utrecht) realizam arbitragem para decidir o limite do território francês com o Brasil. Em 1578 o Rei Português morre e o Cardeal Henrique assume. Os Habsburgo anexam Portugal e as cortes de Lisboa aceitam. Eles não administram o Brasil, já que caberia a Portugal. Houveram duas invasões holandesas – entre 1624 a 1625 – para controlar os centros produtores de açúcar. Os holandeses foram obrigados a se render e acabaram se retirando para o interior. Em 1657 Nassau firma um domínio holandês em Pernambuco. Incentiva a agricultura, a pecuária e a urbanização do Recife. Em 1645 houve a Insurreição Pernambucana com Felipe Camrão. Cobrança de empréstimos feitos aos latifundiários. A Batalha dos Guararapes foi a cobrança das dívidas aos holandeses com rendição em 1654.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O filófoso espanhol Ortega y Gasset tem uma das frases lapidares do sofrido século XX; dizia ele: "Eu sou eu e minha circunstância e se não a salvar, não me salvarei". Esse conceito nós devemos aplicar não só aos indivíduos mas, enquanto diplomatas brasileiros, também a nosso país.
O Brasil é um país que vem crescendo, às vezes lentamente mas sempre inexoravelmente. Já somos um país grande e podemos muito bem supor que seremos um país cada vez maior. Crescemos dentro de nós e crescemos no mundo, em nossa circunstância. E isso nos coloca frente à pergunta crucial, que nós diplomatas nos devemos fazer sempre: nós crescemos no mundo, para que?
Desde quando nos lembra a história, países têm crescido e potências têm surgido e se sucedido como protagonistas no cenário internacional. Potência após potência. Império após Império.Mas têm crescido sozinhos, sem se preocuparem, genuinamente, com o crescimento de suas circunstâncias: por isso se perderam. Porque as circunstâncias dos países são os outros países e, hoje, cada vez mais, todos os outros países. As potências se sucederam na história, umas após as outras, sem deixar nenhum lastro ontologicamente novo e diferente nas relações internacionais, que não fosse o da dominação e destruição de suas circunstâncias. Que não fosse o egoísmo do crescimento a todo custo.

O Brasil cresce, inexoravelmente e um dia vamos ser uma potência. Mas - volto a perguntar - cresce para que? Apenas para repetir, sem inovar, uma tradição política milenar? Então, se for assim, isso significará apenas que nós seremos ricos, teremos submarinos nucleares e fronteiras vigiadas e seguras, colheitas gigantescas, centros de pesquisa avançadíssimos, moeda forte; seremos grandes, nos imporemos pelo mundo a fora, poremos e disporemos. Eventualmente, alguns descontentes queimarão umas bandeiras nossas aqui e ali, talvez explodam umas bombas de protesto contra nós em Copacabana ou aqui na Rodoviária e assim,aos poucos, estaremos, ineludível e implacavelmente, cercados de estrangeiros. Depois, quando estivermos então entrando em nossa decadência - a História registrará, em sua longa lista de impérios, o nosso, como um pequeno império de turno a mais, que o egoísmo dos homens gerou e que um dia sucumbirá a outro, na corrida implacável da história como nós a conhecemos. (Discurso proferido pelo Embaixador Gonçalo de Barros Carvalho e Mello Mourão, Paraninfo da Turma Zilda Arns do Instituto Rio Branco por ocasião da cerimônia de formatura, Palácio do Itamaraty - Brasília, 5 de novembro de 2010)

Tomando o texto acima como referência, escreva uma dissertação acerca da pertinência da seguinte indagação: O Brasil cresce, inexoravelmente e um dia vamos ser uma potência. Mas, volto a perguntar - cresce para que? Apenas para repetir, sem inovar, uma tradição política milenar?

Ideologia e Utopia - Karl Mannheim

"O conceito de ideologia reflete uma das descobertas emergentes do conflito político, que é a de que os grupos dominantes podem, em seu pensar, tornar-se tão intensamente ligados por interesses a uma situação que simplesmente não são mais capazes de ver certos fatos que iriam solapar seu senso de dominação. Está implícita na palavra ideologia a noção de que, em certas situações, o inconsciente coletivo de certos grupos obscurece a condição real da sociedade, tanto para si como para os demais, estabilizando-a, portanto.

O conceito de pensar utópico reflete a descoberta oposta à primeira, que é a de certos grupos oprimidos estão intelectualmente interessados na destruição e na transformação de uma dada condição de sociedade que, mesmo involuntariamente, somente vêem na situação os elementos que tendem a negá-la. Seu pensamento é incapaz de diagnosticar corretamente uma situação existente

Clarice Lispector - Água Viva

"Quando se vê, o ato de ver não tem forma - o que se vê às vezes tem forma, às vezes não. O ato de ver é inefável. E às vezes o que é visto também é inefável. E é assim certa espécie de pensar-sentir que chamarei de "liberdade", só para lhe dar um nome. Liberdade mesmo - enquanto ato de percepção - não tem forma. E como o verdadeiro pensamento se pensa a si mesmo, essa espécie de pensamento atinge seu objetivo no próprio ato de pensar. Não quero dizer com isso que é vagamente ou gratuitamente. Acontece que o pensamento primário - enquanto ato de pensamento - já tem forma e é mais facilmente transmissível a si mesmo, ou melhor, à própria pessoa que o está pensando; e tem por isso - por ter forma - um alcance limitado. Enquanto o pensamento dito "liberdade" é livre como o ato de pensamento. É livre a um ponto que ao próprio pensador esse pensamento parece sem autor.

O verdadeiro pensamento parece sem autor.

Clarice Lispector. Água Viva.

Elabore dissertação acerca da afirmação "o verdadeiro pensamento permanece sem autor."

"O verdadeiro pensamento parece sem autor" insere-se na incessante impossibilidade de apreensão do real, sempre incompleto e fugidio. Clarice Lispector produz uma obra ao modo de uma invocação literária que nos remete à reflexão sobre o tempo, o ser e a linguagem. O objetivo da autora em seu texto-suma "Água Viva" foi a sondagem de mecanismos psicológicos e a busca para o nível da palavra por percepções difíceis de serem transpostas ao nível da linguagem.

A afirmativa de que o verdadeiro pensamento parece sem autor remete-nos à transfiguração da realidade no universo literário de Clarice Lispector, que considera os pensamentos reais como aqueles que indagam um saber filosófico, que faz o ser humano voltar-se a si. Uma busca pela ancestralidade, a procura pelo "it" (objeto que pulsa vida. A autora aponta frequentemente para a questão da comunicação pela via da palavra como indivisível e intraduzível, que escapa constantemente à compreensão. O significante que permeia um futuro "vir a ser" da linguagem.

O pensamento verídico é não autoral devido ao potencial dele em tornar-se a personificação do grito de uma fera. A última obra de Clarice Lispector, produzida três anos antes de sua morte é uma celebração à vida, a todas as forças universais e reflexões mais íntimas do sujeito.

Dessa maneira, esse pensamento que não quer ter nome, não deseja autoria, traz inúmeras ponderações sobre o tempo presente, o instante comparado à roda do carro, que, ao tocar o chão já se transformou em outro instante e o anterior já é passado.

Em termos conclusivos, o objetivo da autora em sua obra era alcançar o fluxo atráves de um texto poético, intenso e vibrante. A autora afirma que gênero já não a pega mais, da mesma maneira como afirma que o verdadeiro pensamento não necessita autor. A intenção é chegar no "é" da coisa, alcançar seu "it" e, para isso, denominações são descartadas.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os Bruzudangas - Lima Barreto

O Bruzudanga tem carvão, mas não queima o seu nas fornalhas de suas locomotivas. Compra-o à inglaterra, que o vende por bom preço. Quando se pergunta aos sábios do país porque isto se dá, eles fazem um relatório deste tamanho e nada dizem. Falam em calorias, em teor de enxofre, em escórias, em grelhas, em fornalhas, em carvão americano, em briquetes, em camadas e nada explicam de todo. Os do povo, porém, concluem logo que o tal carvão de pedra da Bruzundanga não serve para fornalhas, mas, com certeza, pode ser aproveitado como material de construção, por ser de pedra.

BARRETO, Lima. Os Bruzundangas.

Comente o excerto de Lima Barreto, em especial a respeito do contexto a que a obra se refere.

A narrativa "Os Bruzudangas" é obra póstuma de Lima Barreto publicada durante o período da República Velha (1920).Nesse período ocorria excessiva concentração nas mãos das oligarquias rurais do poder econômico e político. A narrativa é de um local imaginário em que o nepotismo, altos impostos e corrupção prevaleciam. Os detentores do poder utilizavam suas influências para passarem a seus descendentes os privilégios adquiridos. Nesse período ocorria grande marginalização social produtora de grandes desigualdades e exclusão social.

O trecho dos Bruzundangas menciona um carvão imaginário que não serve para queimar em fornalhas, mas tem sua utilidade na construção civil. Uma crítica clara do autor em relação aos detentores da tecnologia e o que podem somente suprir matéria primárias. O autor é bem contemporâneo aos problemas sociais que persistem até hoje.
E, com as horas de sono, as recordações, a leitura de minha ocorrência e alternância da luz e da sombra, o tempo passou. Tinha lido que na prisão se acaba perdendo a noção do tempo. Mas, para mim, isto não fazia sentido. Não compreendera ainda até que ponto os dias podiam ser, ao mesmo tempo,curtos e longos. Longos para viver, sem dúvida, mas de tal modo distendidos que acabavam por se sobrepor uns aos outros. E nisso perdiam o nome. As palavras ontem ou amanhã eram as únicas que conservavam um sentido para mim.

Quando, um dia, o guarda me disse que eu estava lá há cinco meses, acreditei, mas não compreendí. Para mim, era sempre o mesmo dia, que se desenrolava na minha cela, e era sempre a mesma tarefa que eu perseguia sem cessar. Nesse dia, depois de o guarda ter saído, olhei-me na minha bacia de ferro. Pareceu-me que minha imagem ficava séria, mesmo quando tentava sorrir para ela. Agitei-a diante de mim. Sorri, e ela conservou o mesmo ar severo e triste. O dia acabava e era a hora de que não quero falar, a hora sem nome, em que os ruídos da noite subiam de todos os andares da prisão, num cortejo de silêncio. Aproximei-me da janela e, à última luz, contemplei uma vez mais a minha imagem. Continuava séria, e que há de espantoso nisso, se nesse instante eu também estava sério. Mas ao mesmo tempo, e pela primeira vez nos últimos meses, ouvi distintamente o som. Reconheci-a como a que ressoava há longos dias aos meus ouvidos, e compreendí que, durante este tempo, falara sozinho. Lembrei-me, então, do que dizia a enfermeira no enterro de mamãe. Não, não havia saída, e ninguém pode imaginar o que são as noites nas prisões."

CAMUS, Albert. O estrangeiro.

Comente o excerto de Camus.

Camus filosofa em seus escritos sobre o conceito do absurdo, especialmente no início da narração de O estrangeiro. Ele narra a morte de sua mãe e seu retorno à terra natal. Uma perspectiva isenta de sentimentos é presente na narrativa. A noção contrária à arte como manifestação do sentimento humano é destaque na obra. Um tédio avassalador compõe os dias do narrador na prisão. Tédio, apatia e inexistência de emoções são traços marcantes: "Tinha lido que na prisão se acaba perdendo a noção do tempo.Mas, para mim, isso não fazia sentido." Uma vida vazia dominada por uma crise existencial do presente vivido, em que a vida como essência seja simplesmente viver.
Camus aponta para o simplismo que às vezes pode parecer nossas vidas,o que nos leva ao conceito de absurdo. A narrativa é um desmascaramento que esmiuça os dramas humanos a partir do conflito pessoal do narrador levando-o à ordinariedade e finitude humana diante da morte, sem sentimentos ou racionalidade nas relações vividas.

Redação - Euclides da Cunha - Os Sertões

Ao mover-se, afinal,esta fração abnegada foi rudemente investida. O inimigo tinha na ocasião o alento do ataque e a certeza na própria temibilidade. Acometeu ruidosamente, entre vivas entuiásticos, por todos os lados, em arremetida envolvente. Embaixo começou a bater desabaladamente o sino; a igreja nova explodia em descargas, e, adensada no largo, ou correndo para o alto das colinas, toda a população de Canudos contemplava aquela cena, dando ao trágico do lance a nota galhofeira e irritante de milhares de assovios estridentes, longos, implacáveis...
Mais uma vez o drama temeroso da guerra sertaneja tinha o desenlace de uma pateada lúgubre.
O desfecho foi rápido. A última divisão de artilharia replicou por momentos e depois, por sua vez, abalou vagarosamente, pelo declive do espigão acima, retirando.
Era tarde. Adiante até onde alcançava o olhar, a expedição, esparsa e estendida pelos caminhos, estava, de ponta a ponta, flanqueada pelos jagunços...

CUNHA, Euclides. Os Sertões. Disponível em
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000091.pdf

O trecho da obra "Os Sertões" de Euclides da Cunha relata o desfecho do massacre de Antônio Conselheiro e seus seguidores no final do século XIX. A situação no nordeste nesse período era muito precária com extrema pobreza e distribuição desigual de recursos. Iniciou-se em 1896 um conflito armado no sertão da Bahia. A revolta durou quase um ano e ocorreu um pouco depois da outorga da Constituição de 1891, que separava a Igreja do Estado e instituía o casamento civil. Tais fatos fizeram com que a população religiosa ficasse insatisfeita com o rumo dos acontecimentos, além da cobrança exagerada de impostos. O Estado interfere e combate o grupo de revoltosos. Somente no quarto combate as forças foram vencidas, o que gerou a morte de inúmeros idosos, mulheres e crianças.