segunda-feira, 25 de abril de 2011

Preconceito Linguístico- Marcos Bagno

Redação

"Existe uma regra de ouro da Linguística que diz: "sí existe língua se houver seres humanos que a falem". E o velho e bom Aristóteles nos ensina que o ser humano "é um animal político". Usando essas duas afirmações como os termos de um silogismo (mais um presente que ganhamos de Aristóteles), chegamos à conclusão de que "tratar da língua é tratar de um tema político", já que também é tratar de seres humanos".

MAGNO, Marcos. O Preconceito Linguístico.

Comente a afirmação de Marcos Bagno, especialmente a relação feita pelo autor entre o conceito de Aristóteles e o conceito de Linguística.

Na cultura clássica estão dispostos dois conceitos de homem: como animal que fala, discorre e o homem como animal político. As duas atividades destinam-se a finalidades específicas que estejam entre a atividade de contemplação (theoria) e a atividade do agir moral e político (praxis). Para Aristóteles, o homem é um animal político propriamente pelo elo com a linguagem;a vida ética e política seriam artes de viver segundo a razão.
Para o autor mencionado, a linguagem tem como objetivo o discernimento entre o vantajoso e o desvantajoso; assim como do justo e do injusto. O senso do bom e do mau é característica peculiar humana; assim como do justo e do injusto, entre outros.É a associação dos que têm em comum essas noções que constitui a família e o Estado.
O enunciado linguístico afirma que "só existe língua se houver seres humanos que a falem" demonstra como a necessidade de se comunicar socialmente é forte. O homem deseja externar intenções, praticar ações e intervir socialmente. A afirmativa de Aristóteles confirma o enunciado acima. Assim, com as duas premissas corretas, tem-se a inferência, ou conclusão, de que "tratar da língua é tratar de um tema político",já que é também tratar de seres humanos.
A partir da afirmativa acima, Marcos Bagno escreve "Preconceito Linguístico", em que elabora algumas questões para desmitificar o preconceito da língua veiculado nos meios de comunicação e não examinados com propriedade pela escola. O grande problema apontado por Bagno é a indisfarçada pequenez com que alguns falantes consideram o saber a respeito de sua língua, constantemente carregado com nosso passado colonial e dependente da referência de língua portuguesa falada em Portugal.
Em virtude dos elementos mencionados, a ação política do autor foi uma reflexão efetiva sobre o fenômeno do preconceito linguístico e a maneira como ele afeta o nosso pensar a respeito da língua portuguesa falada no Brasil. A língua deve ser entendida como algo dinâmico e vivo como um grande rio que corre, ao passo que a gramática normativa, um iguapó, ous seja, um local nos brejos dos rios onde a mata fica encharcada. A trasformação do iguapó somente ocorre quando ele se enche. Assim, pode-se afirmar que a obra de Marcos Bagno é também um ato político, na medida em que o autor reivindica para nosso idioma maior liberdade em seu fluxo tranformacional, além da possibilidade do exercício democrático pelo acesso à língua das camadas urbanas de prestígio.

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