Para que a utopia nasça, é preciso duas condições. A primeira é a forte sensação (ainda que difusa e inarticulada) de que o mundo não está funcionando adequadamente e deve ter seus fundamentos revisto para que se reajuste. A segunda condição é a existência de uma confiança no potencial humano à altura da tarefa de reformar o mundo, a crença de que "nós, seres humanos, podemos fazê-lo", crença esta articulada com a racionalidade capaz de perceber o que está errado com o mundo, saber o que precisa ser modificado, quais são os pontos problemáticos, e ter força e coragem para extirpá-los. Em suma, potencializar a força do mundo para o atendimento das necessidades humanas existentes ou que possam vir a existir".
BAUMAN, Zygmunt. Revista Cult. Edição 138. Disponível em:
http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/entrevis-zygmunt-bauman/
Comente a relação entre a afirmação do autor e o papel do diplomata no mundo contemporâneo.
O pensamento contemporâneo da "modernidade líquida" de Zygmunt Bauman analisa o sujeito do momento atual com características como o individualismo na afirmação do espaço social, a falta de amparo do Estado aos direitos essenciais do cidadão e a separação total entre poder e política. A função do diplomata é estratégica na direção do pensamento da utopia. Como representante dos interesses do Estado, a possibilidade de inserção global é maior.
Ao pensar no mundo contemporâneo, Bauman contrapõe a figura do caçador e a do jardineiro. O caçador seria o depredador dos bens naturais sem medir as consequências dos atos para as gerações futuras. O jardineiro, por outro lado,um sujeito consciente do passado destrutivo e que semeia bons frutos para que gerações vindouras possam ainda desfrutar da natureza, como nossos antepassados.
De acordo com Bauman, para que a utopia nasça é necessário o sentimento de que algo não funciona, além de coragem e força para acreditar na tranformação dele. Fazer com que as necessidades humanas básicas possam ser atendidas em todo o planeta. Na verdade, a grande utopia do momento presente é a aceitação de gaya, da mãe natureza que provê a humanidade. É deixar que o bem prevaleça sobre o mal.É extirpar completamente as atitudes de um passado histórico sangrento, que foi movido por interesses sórdidos dos homens ao longo da história. Se a prioridade humana fosse o altruísmo ao invés do individualismo as duas guerras do século XX poderiam ter sido evitadas.
O diplomata acaba por tornar-se o sujeito representante da história da humanidade, enquanto aquele que vem em nome do Estado representar interesses específicos de um país. Dessa forma, deveria o mesmo ser o profissional que se dedicasse à melhoria de vida do país que representa. Seria ele o profissional mais indicado à melhoria da qualidade de vida das pessoas de seu país.O Estado deveria ser a instituição incumbida a melhorar a vida das pessoas, conduzindo-as em direção ao pensamento da utopia e colocando-o em prática, na medida do possível.
O poder na atualidade está concentrado nas grandes empresas multinacionais, e não mais nas mãos do Estado. Houve uma cisão entre poder e política. Faz-se necessário uma transformação dessas estruturas para que as transformações possam emergir. Teremos que acreditar que essa façanha é possível para que haja transformação e renovação das velhas estruturas.
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